NOTA DE REPÚDIO: MORTE BRUTAL DE MOISE MUGENYI KABAGAMBE
O congolês trabalhava em um quiosque na praia como ajudante de cozinha. Ao fim do expediente ele foi solicitar ao gerente o pagamento de duas diárias atrasadas.
Publicado: 02 Fevereiro, 2022 - 10h34
Escrito por: Thiago Marinho
Na segunda (24/01), na Barra da Tijuca (RJ), o congolês Moise Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, foi espancado covardemente até a morte com pedaços de pau por um grupo de cinco homens. A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso.
Segundo informações da imprensa, o rapaz teve os pés e mãos amarrados. Moise veio ao Brasil com a família em 2014, para fugir da fome e da guerra no Congo. O congolês trabalhava em um quiosque na praia como ajudante de cozinha. Ao fim do expediente, por volta das 21h, ele foi solicitar ao gerente o pagamento de duas diárias atrasadas.
Após a solicitação, o gerente teria iniciado a agressão junto com cinco amigos. Imagens de câmeras instaladas no quiosque flagraram a agressão. Os homens usavam pedaços de pau e um taco de baseball. A Polícia Civil afirma que as imagens estão sendo analisadas para identificar os responsáveis pelo homicídio.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) informou que Moise morreu em decorrência de traumatismos no tórax, com contusão pulmonar causada por ação contundente. O laudo diz ainda que os pulmões apresentavam áreas hemorrágicas de contusão e vestígios de broncoaspiração de sangue.
A comunidade congolesa no Brasil divulgou uma carta de repúdio afirmando que “o ato brutal não somente manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas claramente demonstra a xenofobia dentro das suas formas contra os estrangeiros”, diz a nota de repúdio, lembrando que o Brasil é signatário de convenções que garantem a proteção dos direitos humanos.
Segundo a presidenta da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), Jucelia Vargas, o crime é uma verdadeira barbárie a um trabalhador que solicitava o básico: a sua sobrevivência financeira. “Recebi essa notícia com grande repulsa, por estarmos vivendo em momentos que tantos falam em seres humanos e o que vimos de fato é uma grande barbárie. É fundamental que as autoridades policiais prendam os responsáveis por esse ato tão brutal. Todas as vidas importam”, finaliza Jucelia.