NOTA DE SOLIDARIEDADE AOS GUARANI E KAIOWÁ
A Confetam/CUT vêm a público solidarizar- se ao povo Guarani e Kaiowá, que na madrugada do dia 24 de junho, no Tekoha Gwapo’y Mi Tujury, sofreram bárbaras ações de violência.
Publicado: 27 Junho, 2022 - 17h10
Escrito por: Thiago Marinho
A Confetam/CUT vêm a público solidarizar- se ao povo Guarani e Kaiowá, que a partir da madrugada do dia 24 de junho, no Tekoha Gwapo’y Mi Tujury, no município de Amambai, Mato Grosso do Sul, sofreram bárbaras ações de violência por parte de forças militares do Estado de Mato Grosso do Sul e sem nenhum mandado ou documento judicial, conforme nota da Aty Guasu (Grande Assembleia Guarani e Kaiowa).
Tais ações, do que se tem notícia até o momento, resultaram na morte de pelo menos um indígena e vários feridos e tiveram início, conforme noticiado no site “De olho nos ruralistas”, após a ocupação de parte da Fazenda Borda da Mata. Essa barbárie, que atinge famílias inteiras, compostas por crianças, jovens e idosos, vem sendo chamada pelos Guarani Kaiowá de Massacre do Guapoy. A Aty Guasu destaca ainda na nota, que no dia 23 de junho, no Tekohá Kurupi/São Lucas, próximo a Naviraí, 30 indígenas sofreram ataque armado, por policiais e pistoleiros.
Repudiamos veementemente, as ações violentas perpretadas pela polícia militar e exigimos sua imediata suspensão, além da intervenção urgente do Conselho de Intermediação de Conflitos Sociais e Situação de Risco, criado pela Lei Estadual n. 3.807, de 17 de dezembro de 2009.
Mais disso, solicitamos que seja informado pela Corregedoria da Polícia Militar no Estado de Mato Grosso do Sul quais são e/ou foram as forças policiais envolvidas no lamentável episódio, e sob qual orientação, comando e controle, a fim de possibilitar as medidas cabíveis, caso sejam pertinentes.
Reiteramos ainda, a autonomia, a autodeterminação e os direitos dos povos originários, conforme prevê a própria Constituição de 1988, de direito à manutenção dos seus costumes, língua, tradição, organização social. Reafirmamos a necessidade de manutenção do processo demarcatório das Terras Indígenas, pois trata-se de um direito pré-existente. Nesse contexto, somos solidárias/os a todo o povo Guarani e Kaiowá e a todos os povos originários que sofreram e sofrem processos de expulsão e perda de seus territórios. Reiteramos a urgência, a responsabilidade e o empenho do Estado brasileiro na resolução da questão que envolve a demarcação das terras indígenas em Mato Grosso do Sul, fundamentais para a existência e para a redução da violência contra esses povos.