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No primeiro ato de greve, municipais de Jucurutu realizam enterro simbólico do PCCS

Cortejo fúnebre percorreu as ruas da cidade, encerrando no gabinete do prefeito.

Publicado: 20 Novembro, 2018 - 16h16

Escrito por: Redação Confetam/CUT

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Servidores em greve ocuparam a frente do gabinete do prefeito Valdir Medeiros

Em greve desde o dia 16, os servidores de Jucurutu (RN) saíram às ruas, nesta segunda-feira (19), para expressar a indignação e a revolta da categoria com a decisão da Administração Municipal de retirar o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) dos trabalhadores da prefeitura.

Vestidos de preto, carregando velas acesas, terços, cartazes e um caixão, eles promoveram um cortejo fúnebre pela cidade antes de fazerem o enterro simbólico do PCCS. Na tampa do pequeno esquife podia-se ler "Aqui jaz um PCCS".

Durante a passeata, que encerrou em frente ao gabinete do prefeito, o funcionalismo também denunciou a suspensão do pagamento das gratificações por titulação.

Pauta de reivindicações

Os servidores municipais de Jucurutu (RN) decidiram deflagrar greve em Assembleia realizada na última segunda-feira (12). Além da manutenção do PCCS, eles reivindicam o pagamento reajustado do PMAQ (Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica) aos agentes de saúde e servidores, a realização de exames rotineiros para os agentes, a revisão das Gratificações por Titulação e a não redução de salários.

Na última segunda-feira (12), servidores e sindicalistas esperavam ser recebidos pelo prefeito Valdir Medeiros, mas a reunião foi desmarcada na véspera sem qualquer explicação por parte da prefeitura.

Uma semana depois, os trabalhadores realizaram o primeiro ato oficial da greve geral, que tem conquistado a adesão e o apoio da categoria. É o caso da dentista Tacia Souza, que abraçou o movimento.

Confira o depoimento da servidora:

"Não sou muito de falar como me sinto nas redes sociais, geralmente minhas postagens são sobre livros ou para compartilhar ações que desenvolvo no meu trabalho. Mas às vezes fica difícil segurar o leme quando a água começa a entrar no barco, e  para  ele não afundar é preciso deixar um pouco dessa água sair. 

Trabalho no serviço público a 5 anos, 3 desses como funcionária efetiva. Quando passei no concurso para assumir o cargo de Dentista da Estratégia Saúde da Família, no município de Jucurutu, foi um momento de extrema felicidade. Primeiro porque estudei muito para conseguir essa aprovação, segundo porque me encontrei no serviço público - tanto que nunca cogitei montar um consultório próprio, terceiro porque me permitiu a oportunidade de retribuir um pouco do investimento que minha família fez para que eu estudasse e chegasse até aqui, e quarto porque eu iria trabalhar no lugar onde nasci e me criei, com pessoas que conheço a minha vida toda. 

Nesses anos de trabalho enfrentei muitas situações complicadas, mas nunca nada parecido com a que vivo atualmente. Passei minha graduação inteira dividindo o tempo entre as aulas e as greves, nunca  considerei que um dia participaria ativamente de uma. Mas eis que me encontro no meio de uma mobilização com meus colegas servidores, em busca da manutenção de um direito conquistado a duras penas, e por melhores condições de trabalho. Sempre soube que não ia ser fácil, mas nunca imaginei que seria tão difícil. 

Eu esperava que nossa luta fosse, se não apoiada, ao menos compreendida. Mas todos os dias vejo pessoas nos chamando de preguiçosos, vagabundos e gananciosos. Vejo pessoas desejando que a nossa situação estivesse pior, para que de fato tivéssemos motivos para fazer greve. O que mais me chama a atenção é que as pessoas que alegam isso, são as mesmas que, muitas vezes, para não deixar sem atendimento temos que fazer malabarismo diante da ausência de condições adequadas de trabalho. 

Quem me conhece sabe que nunca fui gananciosa (a única coisa que ostento são meus livros e bonecos rsrsrs), que preguiça nunca foi a palavra que me define. Se estou nessa luta, não é por vontade de não trabalhar, muito pelo contrário. Estou nessa luta para apoiar meus colegas servidores, por saber que ela nada tem a ver com jogo político, embora muitos assim entendam e façam parecer. Estou nessa luta porque se não for eu a lutar pelos meus direitos, ninguém fará isso por mim.

Quanto aos comentários e opiniões nada construtivos em relação à nossa luta,  peço a Deus sabedoria e paciência para lidar com eles. E àqueles que não entendem peço que, se não podem compreender, ao menos possam respeitar o direito que temos de lutar por nossos direitos".