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Mulheres Negras são as principais vítimas da desigualdade no Brasil

Publicado: 10 Julho, 2024 - 17h00 | Última modificação: 10 Julho, 2024 - 17h13

Escrito por: Nathan Gomes

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No Brasil, as mulheres negras enfrentam uma dura realidade marcada por desigualdades em múltiplas esferas da vida. Elas dedicam mais tempo aos afazeres domésticos, têm menor participação no mercado de trabalho, enfrentam altos índices de pobreza e são sub-representadas em cargos políticos e de liderança. Esses dados alarmantes são provenientes do estudo "Estatísticas de Gênero" do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE), que oferece uma análise detalhada das desigualdades de gênero no país.

Apesar de representarem mais da metade da população em idade de trabalhar, apenas 53,3% das mulheres participam da força de trabalho, em comparação a 73,2% dos homens. A taxa de desocupação entre a população feminina é de 11,8%, maior que a dos homens (7,9%). Mulheres negras, especialmente, enfrentam maiores desafios. Elas são as que menos participam do mercado de trabalho, dedicam mais horas a cuidados e afazeres domésticos e têm piores formas de inserção no mercado.

A informalidade também é um problema significativo. Em 2022, a taxa de informalidade entre mulheres foi de 39,6%, sendo ainda mais alta entre mulheres negras (45,4%). Esse tipo de ocupação, com menor acesso a direitos trabalhistas, é mais frequente entre pretos ou pardos, com uma diferença na taxa de informalidade de quase 15 pontos percentuais entre mulheres negras e homens brancos.

Essa vulnerabilidade estrutural contribui para perpetuar ciclos de pobreza e desigualdade. Segundo Vilani Oliveira, secretária de Combate ao Racismo da Confetam/CUT, as mulheres negras estão submetidas aos trabalhos mais precários, nas mais diversas situações de vulnerabilidade social. Ela ressalta que as mulheres negras ocupam os cargos de trabalho mais "invisibilizados".

"Quando a gente olha para o serviço público municipal, essa realidade também não é diferente. Nós estamos como auxiliares de serviços gerais, fazendo a merenda dos nossos alunos. Educação e saúde são dois espaços que nós ocupamos muito e são dois espaços muito desvalorizados. A luta durante a pandemia mostrou o quanto os profissionais dessas áreas, em sua maioria mulheres negras, expuseram suas vidas e perderam familiares. Mas, do ponto de vista da valorização, isso não é uma realidade", destacou Vilani.