Assédios, olhares mal-intencionados e a constante ameaça de perder seus direitos trabalhistas formam o cenário de um país onde 49% das mulheres compartilham essa mesma angústia. Esses dados alarmantes, revelados pela pesquisa global de 2024 realizada pela Deloitte retrata a realidade brutal vivida por trabalhadoras brasileiras.
Neste 10 de outubro, Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, a memória das mulheres que se ergueram em 1980 nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo é uma fagulha de resistência. O ato, que protestava contra a violência de gênero, ecoa até os dias de hoje, agora intensificado pela exploração e precarização promovidas pelo sistema neoliberal. A violência que atinge as mulheres no trabalho, no trajeto e nas ruas é uma extensão da opressão econômica e social que o neoliberalismo impõe.
A implementação da Lei Maria da Penha, em 2006, foi um marco. Mas de que adianta uma lei que protege o lar, se o local de trabalho se torna uma armadilha? Em um cenário onde o capital prevalece sobre a vida, a segurança das mulheres se torna uma commodity. A promessa de proteção estatal se dissolve diante da flexibilização dos direitos trabalhistas, da informalidade crescente e da ausência de garantias para a mulher trabalhadora.
O neoliberalismo, em sua lógica brutal de reduzir o Estado e maximizar os lucros, alimenta as condições para que a violência contra as mulheres prolifere. A falta de políticas públicas robustas e eficazes deixa as mulheres vulneráveis, especialmente as trabalhadoras do setor público. Enquanto o capitalismo avança, destruindo os laços de solidariedade e coletividade, as mulheres enfrentam um cotidiano marcado pela insegurança física e pela constante ameaça de perda de direitos.
Mas a verdadeira vitória só virá com a derrubada do sistema que oprime. O neoliberalismo, ao desmontar o serviço público e fragilizar o coletivo, aprofunda as desigualdades e perpetua a violência. Para que as trabalhadoras possam caminhar seguras e com seus direitos assegurados, a luta deve ser pela superação desse modelo econômico e pela construção de uma sociedade justa e igualitária, onde a vida valha mais que o lucro.