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Escola Livre ou a Terceira Margem do Rio

Em artigo, o auditor fiscal do Trabalho Saraiva Júnior afirma que o projeto Escola sem Par

Publicado: 05 Setembro, 2016 - 13h24

Escrito por: Saraiva Júnior, auditor fiscal do Trabalho

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Protesto no Parlamento exige retirada do projeto de pauta

Quem quiser estudar uma árvore específica, faz-se necessário estudá-la em seu habitat, a floresta. Para compreender o funcionamento de algum órgão humano, é fundamental entendê-lo integrado ao sistema do corpo. As mudanças climáticas no planeta estão relacionadas a vários acontecimentos, como o repentino aquecimento de uma corrente marítima no oceano Pacífico e as queimadas da vegetação do semiárido no Nordeste brasileiro. Tudo se conecta. A concepção do conhecimento enquanto ilha há muito perdeu sentido. Pensemos num arquipélago.

O conceito de “Escola Sem Partido” pretende fazer do ensino uma ilha, como se o conhecimento técnico fosse a supremacia a ser alcançada pelos jovens alunos.

Ou seja, o estudante precisa saber matemática e não deve se interessar em relacionar essa matéria a questões de cunho antropológico ou mesmo artístico.

Por trás dessa cortina de fumaça, querem tirar dos jovens o direito de questionar, de duvidar e, principalmente, de criticar. A quem interessa tal retrocesso no ensino do País?

Existe uma pressão conservadora organizada que visa acabar com os investimentos nas pesquisas científicas das universidades públicas. A verdadeira intenção é enfraquecê-la para, em seguida, privatizá-la. Depreende-se que cursos como Letras, História, Ciências Sociais, Artes e Filosofia, dentre outros, que fazem os estudantes pensarem criticamente a realidade tenderão a ser extintos do ensino público.

O encontro com o outro, com o diferente, com o desconhecido, é a célula que move o conhecimento e, por conseguinte, a democracia. Alargar essa questão é viver a pulsão da pluralidade social. Daí porque é impossível apagar a dialética do sistema cognitivo da história do gênero humano. É intrínseco que o outro traz em sua bagagem crenças, ideologias, valores e práticas que enriquecem nossos saberes e nossas experiências.

O importante é estar aberto e livre para o debate de ideias. A juventude, no ardor do conhecimento, necessita do conhecimento dos opostos para avançar com inteligência os caminhos. Nesse caso, todos precisam conhecer Karl Marx e Adam Smith, Agostinho de Hipona e Martinho Lutero, Lênin e Hitler, Leonardo Boff e Plínio Salgado, Eduardo Suplicy e Eduardo Cunha. É imperativo conhecer os vários ângulos de uma paisagem em que estamos inseridos, bem como a terceira margem do rio.