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Entidades investem em comunicação para furar o bloqueio da grande mídia

Três revistas e duas cartilhas foram lançadas durante o II Congresso Extraordinário da Confetam. O objetivo é levar ao grande público temas que não são pautados pelos veículos de comunicação de massa

Publicado: 13 Maio, 2016 - 19h06

Escrito por: Confetam/CUT

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Jacy Afonso de Melo participou do lançamento das publicações

A disputa de versões entre a imprensa alternativa e a grande mídia nunca foi tão desigual. Num país onde uma presidente eleita democraticamente é julgada e condenada, com o apoio dos meios de comunicação, sem ter cometimento qualquer crime, cresce a preocupação dos movimentos sociais com o poderio dos veículos de massa e com o risco que representam para a democracia e a cultura nacional. 

Com o objetivo de furar esse bloqueio, diversas entidades lançam veículos próprios de comunicação com o objetivo de levar ao público informações que dialoguem com os interesses da classe trabalhadora. É o caso das revistas Xapuri, F e Ágora e das cartilhas contra o assédio moral e sobre acidentes de trabalho, publicações lançadas durante o II Congresso Extraordinário da Confederação dos Trabalhadores (Confetam/CUT), no dia 28 de abril. 

Xapuri

Com uma tiragem de 20 mil exemplares e circulação nacional, a Revista Xapuri foi lançada no congresso pelo secretário de Formação da Federação dos Bancários do Centro-Oeste e Norte, Jacy Afonso de Melo, um dos articulistas da publicação. Ele conta que o nome da revista foi uma homenagem ao seringueiro e líder sindical Chico Mendes, ícone do movimento ambientalista nascido no município e assassinado em 1988. 

Jacy Afonso escreve mensalmente sobre diversos assuntos, como direitos humanos, sindicalismo, cultura, educação, a questão racial, políticas para mulheres, habitação, saneamento e eleições municipais, tema do artigo "Município para as pessoas -.Uma plataforma para a ação cidadã", publicado na edição de abril. "Nossa ideia é contribuir para a formação política do movimento sindical, que precisa ser repensado", afirma.

Revista F

Publicada pela Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Ceará (Fetamce), a Revista F também foi lançada no congresso. Publicada em dezembro de 2015, a revista causou um grande debate na base ao abordar um temas não tratados, ou abordados de forma destorcida, pela grande mídia, como etnia, gênero, orientação sexual, direitos da juventude e dos grupos mais vulneráveis do mercado de trabalho. Segundo a presidente da Fetamce, Enedina Soares, o objetivo da publicação é despertar o interesse pela leitura, provocando discussões na sociedade.  

"Por dia, 95 negros e negras são assassinados no Brasil, num extermínio da juventude. A cada 27 horas, um homossexual é discriminado no Brasil, sem falar no feminicídio. A revista é uma forma de disputar o pensamento da sociedade e de instrumentalizar a nossa categoria para a luta, colocando a comunicação a serviço da classe trabalhadora. Os sindicatos são locais de discussão política e devem ser usados como instrumentos de transformação da vida. Temos de pautar esses assuntos na nossa agenda de lutas", defende.    

A Revista F traz ainda o relato da vida da presidente da Confetam, Vilani Oliveira, uma grande história de superação escrita de próprio punho. "É preciso mostrar para outras mulheres, sobretudo as negras, que é possível vencer a pobreza, o machismo, o racismo e a opressão, sempre apostando na luta coletiva", escreve Vilani.

Ágora

O Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc) também lançou sua publicação: a Revista Ágora, que se propõe a ser um espaço público e democrático de debates. Segundo a secretária de Saúde do Trabalhador da Confetam, Irene Rodrigues, a revista foi pensada não só para a categoria, mas também para o grande público. A distribuição é feita em escritórios, consultórios e comércios. 

A revista pode ser encontrada até nas ante salas dos gabinetes da Assembleia Legislativa do Estado Paraná e também pode ser baixada no site do sindicato. "A Ágora já está na quarta edição e este mês traz como tema principal a valorização da enfermagem, uma profissão que há mais de 25 anos luta pela redução da jornada de trabalho. Nosso objetivo é que todos tenham acesso", enfatiza Irene.

Assédio moral 

Foram lançadas ainda duas cartilhas, uma contra o assédio moral no serviço público, publicada pelo Sindicato dos Servidores do Município de Concórdia e Região (SSMCR), em parceria com a Federação dos Trabalhadores Municipais de Santa Catarina (Fetram/SC), e outra sobre como proceder em caso de acidente de trabalho, de iniciativa do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos Municipais e Autárquicos de São Bernardo do Campo (Sindserv).

Além da definição conceitual e da explicação sobre os danos causados e dos direitos das vítimas, a cartilha traz campos em aberto para que o trabalhador registre os detalhes do assédio moral - data, hora, local, tema da conversa, testemunhas, identificação dos assediadores e das ocorrências - para que possa, junto com o sindicato, tomar as providências cabíveis.

Acidente de trabalho

Lançada após a exibição de um vídeo sobre o assunto, a cartilha traz orientações de como a vítima deve proceder em caso de acidente de trabalho. Para isso, reproduz modelos de CATs - Comunicado de Acidente de Trabalho - da Prefeitura e da Previdência e ensina o trabalhador a preencher os documentos. A publicação traz ainda um capítulo sobre a legislação em vigor, com o Regimento Interno da CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes -, e a lei municipal nº 6.276/13, que dispõe sobre o assédio sofrido pelos servidores da prefeitura de São Bernardo.

"Temos de inserir cláusulas de combate ao assédio moral nas pautas de reivindicação das nossas campanhas salariais", sugeriu Maria Lúcia Santos Marcelino, diretora de Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho do Sindserv.