6 prejuízos que a Reforma Administrativa traz ao Brasil
Nota Técnica do Dieese aponta que, se aprovada, PEC 32 aumentará ainda mais as desigualdades abissais já existentes no Brasil.
Publicado: 12 Abril, 2021 - 16h22
Escrito por: Que Estado Queremos?
Muito se discute sobre o impacto da Reforma Administrativa proposta pelo governo Bolsonaro na forma da PEC 32/2020 para os servidores públicos, mas a verdade é que as mudanças trazidas pela proposta terá impactos profundos para a população brasileira em geral, em especial para os mais vulneráveis, que dependem unicamente do serviço público para ter acesso a direitos básicos. Em resumo, ela aumentará as desigualdades já abissais existentes no Brasil.
Baseados em nota técnica publicada pelo Dieese, fizemos um resumo, em tópicos, dos efeitos dessas mudanças propostas na PEC para servidores e cidadãos.
- Prejuízo à economia local. A PEC acarreta em contratos menos estáveis e remunerações reduzidas. Economias locais podem ser prejudicadas já que em 37,8% dos municípios brasileiros, a administração pública tinha 50% ou mais de participação no total dos empregos formais (dados de 2019). Além disso, haverá impacto na renda de aposentados e pensionistas dessas localidades, o que também afeta o dinamismo das economias locais.
- Dificuldade de planejamento a longo prazo e queda na qualidade do serviço. A flexibilização da estabilidade dos servidores públicos leva a descontinuidade, perda da memória técnica, dificuldade de planejamento a longo prazo, rompimento do fluxo de informações, estímulo a relações de patrimonialismo (interesse particular acima do interesse público) e redução da qualidade do serviço público.
- Desperdício de recursos com treinamento e qualificação. A criação do vínculo de experiência aumenta a rotatividade no serviço público, com consequente desperdício de recursos com treinamento e qualificação. Além disso, pode tornar a seleção de pessoas menos impessoal e criteriosa, privilegiando apadrinhados(as) políticos(as).
- Coronelismo e apadrinhamento político. A ampliação da livre nomeação para os cargos de liderança e assessoramento (fora da carreira, inclusive) facilita o uso político da máquina pública (aumento do patrimonialismo e coronelismo). Empregados(as) preocupados(as) em agradar o chefe e não com o cidadão alvo da política pública e perda de capacidade técnica com seleções menos criteriosas são consequências possíveis.
- Uso privado dos recursos e da infraestrutura públicos. Com instrumentos de cooperação, essa prática pode aumentar. Além disso, tais instrumentos não são garantia automática de incremento na eficácia e eficiência dos serviços, ao contrário, uma vez que permite a celebração de instrumentos com organizações com fins lucrativos, cujo objetivo não é a política em si, mas a obtenção de lucro. Falta de transparência e dificuldade do controle social também podem aumentar.
- Superpoderes presidenciais. Reorganização do serviço público pode confundir o(a) cidadão(ã). Concentração do poder de decisão nas mãos do Poder Executivo pode levar a medidas autoritárias.
A nota publicada pelo Dieese conclui que as consequências de uma possível aprovação da PEC 32/2020 serão sentidas por todos os brasileiros, sem exceção. “A proposta de reforma administrativa ataca conquistas democráticas e pactos sociais construídos desde a redemocratização. Seus efeitos, portanto, estão relacionados ao aprofundamento das desigualdades sociais e ao esgarçamento do tecido social”, finaliza.
Veja o documento completo aqui.